sábado, 28 de março de 2009

primeira viagem fora de genova

Primeiro, eu podia estar me lamentando por não ter ido pra um grande evento internacional, como a feira de Bologna, que aconteceu semana passada. Conhecida como a maior feira de livros infantis do mundo, e portanto mais imperdível do mundo... era cara demais pra mim (23 euros só pra entrar.. aí fui fazer as contas e.. acho que não dá não... porque tem a passagem, a estada, a alimentação...vixe!). E além disso, eu tava mais afim de ir para ver as ilustrações do que os livros.
Bem, preferi mesmo tomar um típico café-da-manhã com a giulia: croissant de chocolate com cappucino!




Mas enfim, resolvi que os 4 dias em Borgio-Verezzi eram mais do que suficientes. Vi uma igreja medieval, que fica em um burgo medieval. É impressionante, do lado de fora, parece uma grande parede sem graça. E do lado de dentro: ouro, pinturas absurdas no teto. Se você encher a cara ou tomar uns acidos, vai ter uma viagem incrivel. É lindo ver o que a habilidade de um artista bem-pago pode causar: vertigem, alucinação. Parecia mesmo que o céu estava se abrindo.




do lado de fora, nada.













do lado de dentro, ouro. e pirações.












e pra terminar, uma legítima foccacia de recco: deliciosa... PERDIÇÃO!
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recantos e encantos

Essa é a gruta de Borgio-Verezzi, na cidade da Giulia, onde passei 4 dias. Eu nunca tinha entrado em uma. Não faz eco. É realmente impressionante e parece falso, feito para ser cenário de algum filme, mas é real: uma rocha se parte em dois, passa um rio pelo buraco e depois começam as infiltrações. As estalagmites (do teto) crescem 1 cm a cada 50 anos. São vários formatos: de salame, de agulha, de espaguete e de cortina (o meu preferido). Podem ter 4 cores, dependendo do minerio que escorre... e se você tocar, ela morre. A gordura da mão impede que essas formações continuem a crescer. E ela fica escurra, como uma rocha. É muito feio ver uma estalactite (do chão) tocada pelo homem. Tem coisas que só podemos ver. O ar é purissimo, 90% de umidade... e sempre faz 16 graus celsius em seu interior, independente da temperatura exterior. É muito lindo.

Para entrar se pagam 8 euros. Essa gruta tem 5 km de extensão mas só 500 m podem ser visitados. O interior tem o chão revestido por cimento e fazem apresentação de natal, mesmo que a umidade danifique os violinos.

can´t lose no more time...


Semana passada fui para um fim de semana na casa da Giulia, em Borgio Verezzi, um paesino (uma cidadezinha) a uma hora de Zena. Como vocês podem ver é um lugar paradisiaco. Aprendi, vi, comi, bebi tanta coisa boa e nova. Antes de contar as coisas mais legais, tenho que informá-los que... eu retomei meu TCC. Já tenho uma estrutura do tipo esboço montada e vou mandando pra minha professora por aqui mesmo. Mas claro, quando voltar vou ter que ir na editora abril fazer entrevistas e o trabalho mais chato.

Enfim, o bom é que encontrei dois livros otimos aqui e estou já usando eles bastante.

Já faz mais de um mês que to aqui, posso dizer que acertei em cheio ter escolhido Genova a Milão. Aqui tudo é perto, mais barato que Milão e perto do mar... sempre tem coisas pra ver, além de vitrines de lojas (sim, Milão é tipo uma grande shopping).

Um pouco mais sobre Genova pra vocês:
- é a principal cidade da região da Liguria.
- daqui partem cruzeiros e balsas enormes (traghetto) para Barcelona, Turquia e vários outros lugares.
- Não tem muita carne nessa região (já que é tudo mar ou montanha), portanto eles tiveram que aprender a se virar com os vegetais, daí ser um dos pratos tipicos daqui o ravioli de legumes e verduras.

E vou te contar, isso é que é ravioli! Eu não tinha comido um de verdade até chegar aqui.
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segunda-feira, 23 de março de 2009

passagens, ciclos, vidas


O ritual da defesa da tese, na Itália, se chama Laurea. Como eu disse no post anterior, essa última semana quem se laureou foi a Chiara. Agora doutora em Economia, com uma tese sobre a crise financeira. No caso da faculdade de economia funciona assim: 5 alunos por vez são julgados. um de cada vez fala. Nessa foto, a Chiara está fazendo seu discurso, enquanto os outros 4 esperam sua vez. Cada um faz um resumo de sua tese para seu professor orientador que é a única pessoa que leu sua tese. Cabe ao seu professor fazer um comentário ou uma pergunta. Depois todos saem da sala e voltam para a nota. Durante a faculdade todas as suas notas de todas as matérias são somadas e a tese vale 4 pontos finais. Chiara atingiu a pontuação máxima, também, parece que sabia bem do que falava.

Ai ela sai da sala, ovacionada por todos nós e começa a parte mais legal do ritual: o almoço pós-laurea. Onde os convidados não pagam nada e o laureado ganha presentes. Muito dinheiro da parentada (estou falando de 2000 euros), e viagens (pra New York, por exemplo). Eu já me sinto presenteada pela comilança em restaurantes, na faixa! Tive realmente um rabo por ter 2 roomates que se formaram agora ha pouco, hehehe
À noite, tem a saidera que compreende: aperitivo em restaurante chiquerrimo com direito a vinho caro, só pras pessoas mais chegadas. E depois uma noitada em algum lugar da cidade, mais drinks, cervejas... ô beleza!!
Ah, a laureada desfila pela cidade com chapéu de formada e recebe os cumprimentos da população. A cor da laurea é vermelha. Se compram flores embrulhadas em rede vermelha, se usa laço vermelho no cabelo... e por fim, muitas joaninhas.

Daqui a dois anos eu volto, a Chiara vai se formar na specialistica, que aliás ela já começou. E essa festa eu não quero perder.
No sábado vai ter festa final Chiara e Giulia em um barzinho aqui de Genova!!

Durante 4 dias (entre quinta e domingo) fui passar uns dias na casa da Giulia que fica em Borggio Verezzi. Tenho muitas muitas coisas pra contar, fotos pra mostrar.... fui ver uma gruta com estalagmites, estalactites: SENSACIONAL!

PS: agora eu virei professora de samba em Genova! huahauh Sabe que música brasileira fez sucesso aqui? pode chutar. respondo no prox post.
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domingo, 15 de março de 2009

università degli studi di genova...

Quinta-feira foi o grande dia desse ano de 2009 para Giulia. Ela foi a primeira pessoa dessa casa que eu conheci, e logo de cara já simpatizei com ela. Nos dias antes dessa quinta-feira, ela quase teve um ataque de nervosismo (só que pra dentro). Como eu disse no post anterior, era o dia da Laurea dela, ou seja, da defesa do TCC. Aproveito então para explicar como funciona a faculdade na Itália.

Laurea trienale. É o basicão, todo mundo começa estudando 3 anos. E depois que se forma, com defesa de tcc e tudo... vai trabalhar. Só que hoje em dia não tem mais tanta vaga pra quem faz trienale. Por exemplo, imagine no meu caso, que faço Editoração, que é Comunicação Social. Aqui eu teria que fazer a trienale de Scienze Politiche (Ciência Política), ou Lettere (Letras), ou ainda Scienze della Formazione (educação). Uma delas é como se fosse um ciclo básico válido para Comunicação.

Por isso, após a laurea trienale é preciso fazer mais 2 anos de estudo que se chama Laurea Specialistica. Aí sim inicia o curso de Editoração, ou Editoria aqui, que é portanto uma especialização de qualquer uma das trienales que eu citei. Então, quem faz jornalismo, estuda 2 anos só disso... é como se fosse um curso técnico.

No caso da Giulia, que se formou numa trienale de Direito, ela decidiu fazer o curso de 3 anos de operadora jurídica de empresas. Com esse diploma ela não pode fazer muita coisa. Mas pode fazer uma specialistica de 2 anos pra finalizar e incrementar o diploma... até mesmo em outro país (e é o que ela vai fazer e por isso eu entrei no "lugar" dela).
Enfim, aqui em casa temos outra estudante de Direito: a Livia (que aqui na Itália é um nome incomum! Olivia é que tem a rodo!). Só que a Livia não faz trienale e sim a Laurea magistrale, que são pra cursos tradicionais como direito, medicina, engenharia... dura 5 anos e depois disso, você pode ser chamado de dottore, dottoressa.. e ser mais um dos trilhares de juízes existentes aqui.

Bem, para entrar na faculdade (que é paga e tem mais bolsas de estudo pra estrangeiros do que pra italianos), é preciso apenas se matricular. Existem cursos que tem número reduzido de vagas, como psicologia, por causa dos laboratorios. Nesse caso, é preciso fazer uma prova classificatória. No caso de Direito, não há LIMITE de inscritos. Eu ainda não descobri quanto se paga, mas parece caro.

Uma vez inscrito, você pode requerer moradia, mas tem que comprovar que mora longe e não tem condições. Como na USP mesmo, não há vagas. Em geral, quem estuda em Genova não mora aqui, mas em cidades vizinhas da Liguria, por isso passam os findis nas casas dos pais (é por isso que vou viajar na próxima semana, pra conhecer as grutas perto da casa da Giulia).

O interessante aqui é que a desorganização da faculdade é igual ou bem pior que no Brasil. Estou comparando com a estrutura administrativa da USP. E ainda tem o agravante das salas de aula serem espalhadas pela cidade (mas ainda bem, se concentram perto de onde eu moro). O curso (specialistica) de Comunicação fica em outra cidade, por exemplo. Mas escolhi só materias de Letras e Ciências Políticas que são aqui mesmo.

Descobri que os professores resolvem não dar aulas e não avisam ninguém. Tive dificuldades pra saber em que dia uma aula começava. Onde ficavam as classes... vários problemas que podem ser resolvidos com organização.
Enfim, comecei a frequentar as aulas que escolhi pelo nome... logo vi que algumas eram picaretagem, outras eram básicas demais pra mim, e ainda tinham aquelas que juntavam isso a um professor prepotente.

As que escolhi seguir são apenas 3, mas somam 14 créditos.
1. Geografia e Geopolitica. Tem 5 alunos, e se você quiser estudar por conta, problema seu. Não precisa ir pra aula. Mas eu vou, são 6 horas de aula por semana. Eu acho muito interessante porque vejo como os europeus se enxergam, e enxergam os outros no cenário histórico do jogo de poderes.

2. Economia e Marketing Cultural. Tem 7 alunos. Vou ter que escrever um trabalho de 10 páginas pra finalizar o curso. Parece muito interessante (só teve uma aula até agora). A professora vai falar de como os economistas e as políticas públicas enxergam a indústria cultural... e isso muito me interessa. Acho que faltava uma base mais forte disso nos cursos de comunicação da USP. A professora já indicou vários autores, comentou um por um. Foi bem estimulante!

3. Historia do design gráfico e da arte aplicada à idade contemporânea. Adoro matérias com nomes gigantes... Tem 20 alunos e mistura gente de vários cursos. O professor é novato e super empolgado, vamos viajar talvez pra Roma, visitar museus, ver a historia do design gráfico. Realmente eu precisava de umas aulas assim. Aliás sempre quis tê-las. Se você quiser, não precisa frequentar as aulas... mas quem vai querer perder? Vou ter que fazer um trabalhinho também em junho...

Em suma, estou muito feliz com a possibilidade de frequentar essas aulas. Já estou aprendendo bastante, visitando bibliotecas. Meu plano é mesmo complementar meu curso. E essas matérias estão satisfazendo bem a meta.

Pra vocês ficarem sabendo, volto pro Brasil no segundo semestre e faço meu TCC, incorporo a bagagem italiana e me formo no final do ano. Aí serei laureada!

Próximo post explico melhor como é o ritual da formatura (que é a defesa do TCC), porque terça-feira minha outra co-inquilina (como eles dizem) vai se laurear em economia (mas já começou a fazer a specialistica).

E aí, prefere o Brasil ou a Itália?

quinta-feira, 12 de março de 2009

winds of change

Amanhã fará exatamente 1 mês que eu cheguei aqui. Agora estou acomodada, as lições estão ficando ótimas e eu estou encontrando razões sobrenaturais para ter vindo pra cá. Por exemplo, achei um livro incrível sobre editoração multimídia na biblioteca da faculdade de ciências políticas. Só por ter achado essa joia, que já dá um belo empurrão no meu TCC, acho q a viagem já valeu a pena.


Outra coisa: o clima está mudando. eu nao preciso mais andar com essa jaqueta e esse cachecol de pelo de coelho (que ganhei do meu namorado)... agora a primavera está chegando!

As pessoas estão saindo nas ruas, indo pro calçadão que tem em Genova, perto da praia, que eu nem sabia que existia. Essa é a diferença crucial de quem vem passar 2 dias aqui e vai embora, e quem fica pra morar. Meu permesso di soggiorno (permissão pra ficar) sai no dia 25 de março. E hoje eu vou participar da laurea (defesa do TCC) da Giulia, uma das meninas que moram comigo. Aqui a Laurea acontece depois do 3o ano (em alguns casos depois de 5 anos de estudo), e não tem chance de ser reprovada. Mesmo assim, a paura (medo) toma conta dos laureandos. Depois da defesa que dura exatos 10 minutos, a laureada se transforma em celebridade instantânea: ganha presentes na cor vermelha (a cor da Laurea), viagens, e muitos muitos comprimentos, como se tivesse passado no vestibular. Após esse dia, a pessoa só aceita ser chamada de "doutora, por favor". Eu, que já estou no meu 6o. ano de faculdade, e faço minha laurea em dezembro (talvez elas venham!), não me sinto duplamente laureada, porém tenho certeza que já vivi muito mais do mundo acadêmico que elas.

PS: meu próximo post será sobre a minha vida social aqui: italianos, italianas, estrangeiros...
PPS: Essa casa tá ficando muito tensa. 6 mulheres num mesmo lugar, já viu...
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domingo, 8 de março de 2009

as histórias do povo

Isso aqui do lado é um navio fictício aportado no Porto Antigo em Zena. Nele se pode entrar e ver coisas de piratas, é um lugar pra crianças brincarem e verem como eram as caravelas e no que cristovão colombo navegou. Esse post é sobre o nome do blog. O ovo de colombo sobre 3 aspectos.

1. a história mais conhecida.
Quando Colombo voltou, após sua gloriosa descoberta, à Espanha, fizeram muitos jantares em sua homenagem. Ele comparecia e era sempre reverenciado, principalmente pelas mulheres. Porém, tem sempre aquele sudito olho-gordo e mordido de inveja que não aceita ser passado pra trás por um relez e malcheiroso marinheiro. A certa altura do banquete, vai vinho pra cá, vinho pra lá... Aí se passou o seguinte diálogo: "Você, genovês, acha que fez um feito único de sua autoria. Mas aposto que qualquer espanhol poderia ter ido e feito o mesmo!"
Cristóvão, que já tinha conhecido o novo mundo o suficiente pra saber a cabeça de ovo que tinha o pessoal do velho, pegou mesmo um OVO e disse: "Ah é? Duvido que alguém aqui coloque esse ovo em pé!"
E pior que ficaram tentando. Vários pontos de equilibrio e sopros foram usados. E nada. Desistiram. E Colombo abriu a rodinha, pegou o ovo e deu uma quebradinha na sua base, deixando o ovo em pé!. "Duh!" Todo mundo pensou. Teve até um que não se aguentou e disse: "pô mas assim até eu!". Nesse momento, Colombo diz, triunfal : "Mas porque não fez? Era tão simples, mas precisou alguém fazer."

2. a história que eu prefiro. Essa história é muito famosa. Mas sem contar outras ladainhas. Vou contar outra, os espanhóis de Ibiza acham que Colombo nasceu lá e decidiram fazer um grande ovo com uma caravela dentro, acreditam? veja aqui. Mas a versão que mais gosto: lembra que todo mundo achava que Colombo era louco por tentar chegar nas Indias pelo Ocidente? Disseram pra ele que era impossível. Pra retrucar Colombo lançou o desafio do ovo: é impossível deixar um ovo de pé? (Não para ele.)

3. a minha. Meu pai me contou essa história do ovo de Colombo quando eu tinha 8 anos. No começo achei ele um sacana. Depois pensei, "não vale, foi fora das regras". Mas logo depois me veio a mente não existir regras. Não existir em cima, em baixo, pode e não pode. Existe e só vale a pena tentar... e se...

a vida não pára


Essa é a vida em Oregina, o bairro onde moro em Zena. Essa é a vista da minha varanda, olhando a varanda do vizinho. Essa coisa toda lá no fundo é o porto antigo. Achava que Genova se resumia a essa parte. Mas a verdade é que cada vez que passo pela via Balbi, e já passei por ela trocentas vezes, sempre descubro um novo hotel, uma nova loja, uma nova lanchonete (que aqui se chamam bares). Vou contar-lhes, antes de ter essa mirada da sacada, eu passei por alguns perrengues. Foi um pouco desesperador, cheguei na sexta feira as 16 horas, do dia 13 de fevereiro. Tudo fechado. E eu com 1 euro no bolso.

Foi uma longa história até chegar ao hostel, e os bancos estavam fechados para eu trocar os malditos travelers cheques que o consulado me fez comprar. Ou seja, estava sem dinheiro. Para comprar o bilhete do onibus, uma mulher da recepção da universidade me emprestou 1,20. Depois quando cheguei no hostel, a dona me emprestou 20 euros pra passar o final de semana e devolver na segunda. Mas esses 20 euros foram voando. Também eu tinha acabado de chegar não sabia onde comprar as coisas. Por exemplo, poderia ter ido em um supermercado comprar comida, ao invés de ficar tentando achar algo barato pra comer no hostel. Já tava ficando ultra deprimida, pq para usar internet tinha que pagar 1 euro por 20 minutos. Nao tinha ninguem no meu quarto com 8 camas. Sexta, sábado, domingo. Um porre.

E a segunda chegou. Fui tentar descobrir ONDE trocar os TCs. E fui ver apartamento. E fui me matricular. E fui descobrir onde era o Ccint da universidade. Fiz tudo, mas nao achei lugar que trocasse os TCs SEM TAXA. Morrendo de fome, e tendo uma divida a pagar no dia, vendi minha alma pro banco vampiro que cobrou 10 euros pra trocar 100. imagina como eu tava. Puta. E completamente inconsolável. Quando finalmente achei o Ccint (rodei, rodei, não tinha placa e ficava no 6o andar!), descobri q teria que gastar 80 euros pra ter a permissão de ficar aqui. Ainda com fome, fui buscar a papelada no correio e voltei pra burocracia. A universidade de genova "oferece" um serviço gratuito para que os alunos busquem apartamento. Tal serviço era uma mulher com um word cheio de anuncios desatualizados. Mal sabia eu que ela era doida, não batia bem mesmo. E o desfecho da meia hora que passei do lado dela foi terrivel, bati boca, chorei, ela me xingou, saiu batendo a porta. Tudo pq eu perguntei se era longe o lugar q ela queria q eu fosse. Depois que ela saiu não conseguia mais parar de chorar. As pessoas do lado me ajudaram e terminaram o processo de marcar a visita. Eu voltei pro hostel e...coitado do Raphael, tinha acabado de chegar teve que ouvir.

Depois desse dia, em que não consegui dormir de tanta dor de cabeça, pensava que ia ser uma merda minha estada aqui. Queria voltar no próximo voo. Graças a Deus, após 4 dias, tudo se acalmou. E descobri que essa mulher é uma ex-professora que odeia estar lá. Ela tratou muita gente mal, mas eu não tive paciência. Definitivamente, não foi uma boa recepção.
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sexta-feira, 6 de março de 2009

zena

É assim que se diz Genova em genovês. Esse post será dedicado propriamente a Zena.
coisas famosas de Genova, que você nunca suspeitaria terem saído desse porto.
1. Cristovão Colombo. Nome de muitas coisas aqui, muita gente diz que ele nem é genovês, mas tem uma pequenissima casa que é ponto turistico e se intitula como uma das residências do navegante.
2. Paganini. O incrivel violinista e sua virtuose surgiram aqui. Mas não o vejo em nenhum lugar.
3. Jeans. Fui em uma exposição que mostrava as primeiras pinturas feitas em um tecido azul, que era tingido com um pigmento que só se encontrava por essas bandas. Tal cor era conhecida como il blu di genova. Exportada para vários lugares do mundo, virou o blue jeans americano. Hoje só jeans.
4. Molho pesto: é um molho feito com manjericão, azeite e nozes. Muito bom.
5. O dialeto genovês: existem dicionários genovês-italiano! o genovês é uma lingua que mistura todas as antigas linguas dos mais antigos e tradicionais comerciantes, isso é... árabe e português! Por isso, meu sotaque aqui não é sentido, porque eu falo genovês e não italiano. Por exemplo: para dizer "pegar esse pão", em italiano se diz "prendere questo pane", já em genovês "piggiâ questo pan". Veja como soa português... piggia esta mais para pegar que prendere e pão está mais para pan do que pra pane.... não concordam?

Enfim, essa cidade era um lugar de muito intercambio comercial e cultural, claramente... porém hoje é uma cidade cheia de velhos cabeças-duras, que não sabem o que fazer diante dos imigrantes que encontram em toda a esquina. Aqui realmente tem muita gente imigrante, e isso se vê não pq carregam passaportes na mão, mas pq são negros. Estavam tentando fazer uma mesquita aqui e uma penca de velhinhos saiu de casa pra dizer que não queria a mesquita, que seria um lugar politico anti-cristão. As aulas de direitos, não todas, mas algumas, são dadas dentro de uma igreja catolica aqui. Na frente da minha casa tem uma linda imagem de nossa senhora. Aqui só é permitido ser cristao. Estado laico não existe.

As gafes e micos que eu pago nessa vida, fazem a alegria de muita gente, inclusive a minha própria. Aqui já me aconteceu de tudo. Entrei em banheiro dos homens, entrei na sala de aula no momento que nao divia e quando fui sair a maçaneta ficou na minha mão... esse tipo de coisa pastelão mesmo. Mas o fato é que não tenho medo de entrar nos lugares. Conto sempre com um feeling, mas qdo sinto que não tem problema, meto a cara mesmo. Essa foto aí em cima foi tirada na faculdade de arquitetura. Entrei numa porta fechada que dizia café gratis o dia inteiro e fiquei meia hora lá dentro conversando com o pessoal. Eles tinham tomado a sala pra fazer um CA/vivência, porque a faculdade de arquitetura não tinha tal espaço. Estavam me dizendo como era dificil, que ninguem se importava com o espaço e que a maioria achava que não precisava mesmo de um lugar pra discussão e blablabla, foi interessante essa troca de informações. Sugeri a eles fazerem uma semana de arquitetura, e para tentarem coisas diferentes, pra começar mudando o NOME do lugar. Porque só uma louca como eu entra em uma sala que tem do lado de fora um lençol como placa, escrito "espaço auto-gerido". Depois minha housemate disse que aqui na italia o movimento estudantil é uma chacota. Porque na França, os estudantes fazem barulho e conseguem o que querem. Já aqui, pode-se matar cachorrro a grito. O governo não está nem aí.

Depois de descobrir que em 2002, qdo a Italia passou da Lira para o Euro, o governo deixou os comerciantes cortarem zeros ao invés de fazerem uma conversão justa de valores... eu já acredito que tudo pode acontecer.
Isso é assunto pro meu próximo post: como eu passei dias terriveis num país em que quase nada custa menos de 1 euro.
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